As primeiras influências que encheram as panelas do Acre foram as dos povos indígenas amazônicos e as dos bolivianos. Em 1494, o Tratado de Tordesilhas determinou que o território ficaria sob colonização espanhola. Mais de duzentos anos depois, outro acordo (Tratado dos Limites, 1867) definiu que o pedaço de terra passaria a ser da Bolívia. Só em 1903, com o Tratado de Petrópolis, o Acre foi anexado ao Brasil numa permuta pela construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré mais o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas. À época, a região vivia o auge do ciclo da borracha e dava as boas-vindas aos nordestinos e aos seus costumes alimentares. Estão entre eles o cuscuz, chamado de pão de milho no Acre, e o gramixó, espécie de açúcar mascavo que surgiu dos engenhos implantados por eles no fim do século XIX. Sírios e libaneses também foram atraídos pela extração do látex. Com uma culinária milenar e forte aptidão para vendas nas malas, esses imigrantes monopolizaram o comércio da margem do Rio Acre O Acre tem 22 municípios, mas mais da metade da população se concentra em Rio Branco. Naturalmente, é lá que estão os estabelecimentos mais prestigiados do estado. Um deles é o Jarude, que tem duas marcas filhotes, o Jarude Café e o recém-inaugurado Miss Jarude. Da cozinha dos três endereços saem preparos árabes, como homus, esfiha e kebab. Por trás do negócio está Nádia Jarude. Neta de um libanês e de uma índia, ela carrega tradições que se encontram no apreço pela comida e pelos insumos naturais. Kebab do Jarude, restaurante árabe em Rio Branco.
Os acreanos sentem orgulho da baixaria, do quibe de arroz e da rabada com tucupi. São pratos típicos da região que eles fazem questão de apresentar aos outros mais de 99,5% de brasileiros que não moram neste pedaço de Brasil que foi declarado um estado do nosso país somente em 1962 – ou seja, há 59 anos.
A história recente e bem particular do Acre fez com que os seus 895 mil habitantes (2020) herdassem uma miscigenação única, que dá às caras na cozinha de casa, nos mercados, nos restaurantes e nas barraquinhas de rua.
Lá no passado, no entanto, a colônia árabe que chegou no Acre precisou adaptar o preparo do quibe. “Não tinha trigo, então os imigrantes trituravam o arroz para ficar do tamanho certo, preenchiam de carne moída temperada e moldavam no mesmo formato. Foi uma forma de voltar às origens”. A ideia improvisada virou símbolo de identidade. Até hoje, o quibe de arroz é vendido nos estandes do Mercado do Bosque, o mais frequentado da cidade.
Quibe de arroz
Dificuldade Fácil
Quibe de arroz
Ingredientes:
500gr de arroz
Sal
3 dentes de alho picadinho
Açafrão a gosto
500gr de patinho
Pimenda-do-reino a gosto
Pimenda doce a gosto
1 cebola picada
Cebolinha a gosto
Óleo para fritar
Preparo:
Compre um arroz de baixa qualidade que já venha quebrado ou quebre os grãos utilizando qualquer artifício, como processador ou pilão. Cozinhe o arroz com sal, alho e açafrão, mas não deixe que os grãos fiquem completamente moles. Numa frigideira, frite a carne moída com os temperos de sua preferência (alho, sal, pimenta doce picada, cebola, pimenta-do-reino). Ao final, salpique cebolinha. Molde o arroz em formato de quibe e recheie de carne moída. Deixe as mãos sempre molhadas para facilitar a modelagem. Frite em óleo quente e sirva com molho de pimenta.